Auction 9 Part 3 Art, Books, Photography, Manuscripts & Efemera
By Ecléctica Leilões
Mar 25, 2010
Rua Luísa Todi 12G | 2925-568 Azeitão, Portugal

Temas

; 25 de Abril; Açores; África; Agricultura; Água; Alentejo; Algarve; Arquitectura; Arte; Aviação; Banda Desenhada; Beja; Bibliografia; Biografia; Brasil; Caricatura; Ciência; Cinema; Coimbra; Crítica Literária; Cultura; D. Miguel; Descobrimentos; Épico; Escravatura; Estado-Novo; Etnografia; Experimentalismo; Fotografia; Gastronomia & Vinhos; Generalidades; Guerra Civil; Guerra Mundial; Guerra Peninsular; História; Índia; Indústria; Infante D. Henrique; Infantil; Inglaterra; Inquisição; Judeus; Latina; Lisboa; Literatura; Literatura Contemporânea; Literatura Infantil; Manuscritos; Mário de Sá-Carneiro; Memórias; Miguelismo; Militaria; Mobiliário; Modernistas; Monaquismo; Música; Pessoa; Pessoana; Pintura; Poesia; Poesia Experimental; Poesia Visual; Política; Porto; Regionalismo; Religião; Religião & Filosofia; Republica; Romance; Surrealismo; Tauromaquia & Equitação; Teatro; Timor; Ulisses; Viagens; Vinho do Porto

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LOT 931:

[VASCONCELOS (Mário Cesariny de)] A. CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA. LACERDA (Alberto). Acervo documental, contendo oito ...

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Start price:
180
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€360
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Auction took place on Mar 25, 2010 at Ecléctica Leilões
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[VASCONCELOS (Mário Cesariny de)] A. CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA. LACERDA (Alberto). Acervo documental, contendo oito (8) cartas de Alberto Lacerda para Mário Cesariny. Todas datadas e assinadas, contêm uma rara beleza epistolográfica e são elucidativas de uma personalidade tocada pela sensibilidade extrema - «É isso. A FOME DO ABSOLUTO. Nas relações com os seres e nas passagens. As passagens de ponte para castelo. De castelo para estrela coberta de sangue.»; «Manter não sei o quê aceso. O que? E porquê? Ao ler toda esta história de pactos russo-americanos, os olhos compactam-se de lama, de incredulidade perante tanta hipocrisia. O que me interessa é que o HORROR permance intacto, e o HOROR é acima de tudo a guerra do Vietnam. Que me interessam os pactos se não há nenhum esforço autêntico, à escala particularmente humana, para acabar com aquele horror?». Ao mesmo tempo, várias as referências à vida literária e artística de ambos os correspondentes, destacando-se, neste aspecto uma carta que contém outra de um responsável pela “Nouvelle Revue Française” requerendo colaboração de Mário Cesariny para um número especial dedicado a André Breton, interesse mediado por Alberto Lacerda e Marcel Arland. Ainda referência a uma interessantíssima carta, datada de 28 de Maio de 1972. «Sim rasgo, o que V. quiser, mas antes de rasgar quero dizer-lhe que o que V. escreveu na carta anterior sobre o Arpad era simplesmente admirável [...] [citando Cesariny] “Há um momento admirável em ambos em que quasi os vemos fazer amor, um no outro, com tintas. Depois apartam-se, teria de ser, e o que o Arpad prossegue é realmente tão grande que não podemos deixar de chorar quando enfim se mostra depois de tanto silência, talvez não apenas voluntário”. Rleio a página anterior (escrevi interior [que Lacerda rasurou] e verifico a gramática cavalar: o que me comoveu não tem nada a ver comigo, tem a ver com o Arpad, com o que V. diz dele. Tudo o que toca esse país tem a ver [...] com a desolação; o Arpad ama e é amado - é a única coisa que faz sentido, é a única (a ÚNICA) realidade - mas pagou sem dúvida um preço por a mulher, essa mulher que considero cada vez mais extraordinária ser portuguesa. [...] V. exagera, mas ainda assim sou consideravelmente surrealista. O Octavio Paz ajudou-me a chegar a essa conclusão. Temos feito um convívio fraterno. É um personagem perfeitamente maravilhoso.» Conjunto de extraordinário interesse..

[VASCONCELOS (Mário Cesariny de)] A
CORRESPONDÊNCIA RECEBIDA. LACERDA (Alberto). Acervo documental, contendo oito (8) cartas de Alberto Lacerda para Mário Cesariny. Todas datadas e assinadas, contêm uma rara beleza epistolográfica e são elucidativas de uma personalidade tocada pela sensibilidade extrema - «É isso. A FOME DO ABSOLUTO. Nas relações com os seres e nas passagens. As passagens de ponte para castelo. De castelo para estrela coberta de sangue.»; «Manter não sei o quê aceso. O que? E porquê? Ao ler toda esta história de pactos russo-americanos, os olhos compactam-se de lama, de incredulidade perante tanta hipocrisia. O que me interessa é que o HORROR permance intacto, e o HOROR é acima de tudo a guerra do Vietnam. Que me interessam os pactos se não há nenhum esforço autêntico, à escala particularmente humana, para acabar com aquele horror?». Ao mesmo tempo, várias as referências à vida literária e artística de ambos os correspondentes, destacando-se, neste aspecto uma carta que contém outra de um responsável pela “Nouvelle Revue Française” requerendo colaboração de Mário Cesariny para um número especial dedicado a André Breton, interesse mediado por Alberto Lacerda e Marcel Arland.
Ainda referência a uma interessantíssima carta, datada de 28 de Maio de 1972. «Sim rasgo, o que V. quiser, mas antes de rasgar quero dizer-lhe que o que V. escreveu na carta anterior sobre o Arpad era simplesmente admirável [...] [citando Cesariny] “Há um momento admirável em ambos em que quasi os vemos fazer amor, um no outro, com tintas. Depois apartam-se, teria de ser, e o que o Arpad prossegue é realmente tão grande que não podemos deixar de chorar quando enfim se mostra depois de tanto silência, talvez não apenas voluntário”. Rleio a página anterior (escrevi interior [que Lacerda rasurou] e verifico a gramática cavalar: o que me comoveu não tem nada a ver comigo, tem a ver com o Arpad, com o que V. diz dele. Tudo o que toca esse país tem a ver [...] com a desolação; o Arpad ama e é amado - é a única coisa que faz sentido, é a única (a ÚNICA) realidade - mas pagou sem dúvida um preço por a mulher, essa mulher que considero cada vez mais extraordinária ser portuguesa. [...] V. exagera, mas ainda assim sou consideravelmente surrealista. O Octavio Paz ajudou-me a chegar a essa conclusão. Temos feito um convívio fraterno. É um personagem perfeitamente maravilhoso.»
Conjunto de extraordinário interesse.


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